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Scrum Gathering da Alemanha

Introdução

O Scrum Gathering da Alemanha aconteceu entre os dias 19 e 21 de outubro de 2009, no Hilton Munich City Hotel. Fazia cerca de quatro graus em Munique, mas estávamos muito bem acomodados no luxuoso hotel durante o evento. Nós, Rafael Sabbagh e Marcos Garrido (PUC-Rio), além de Alexandre Magno (AdaptWorks), Danilo Bardusco (Globo.com) e Ana Rouiller (SWQuality) éramos os únicos brasileiros presentes no evento. Em meio a inúmeras sessões de palestras, coffee breaks e stand up lunches, tivemos a oportunidade de interagir com parte dos 250 participantes de vários países, principalmente da Europa e dos Estados Unidos.

Scrum e a Crise Mundial

Nossa palestra aconteceu logo na primeira sessão, em seguida à abertura. Em "Scrum and the World Crisis", mostramos que usar Scrum em projetos é a melhor forma para uma empresa não somente sobreviver, mas também tirar vantagem de tempos turbulentos como os atuais. Por uma hora e meia, falamos descontraidamente para uma participativa plateia quase toda de europeus, para quem a recente crise ainda apresenta fortes efeitos.

O Alexandre Magno, nome importante do Scrum no Brasil, estava presente e nos deu um feedback muito positivo sobre nossa apresentação. Para nós, foi muito importante representar a comunidade ágil brasileira em um evento internacional desse porte. Temos muito orgulho de o termos feito tão bem.

Nova Liderança da Scrum Alliance

Esse foi o primeiro encontro da Scrum Alliance sob o comando de Tom Mellor, que recentemente assumiu a presidência da entidade. Ken Schwaber, o presidente anterior e um dos criadores do Scrum, deixou o cargo de forma atribulada juntamente com Jim Cundiff, o então diretor-gerente, e havia muito a ser esclarecido.

No final do segundo dia do evento, parte dos diretores da Scrum Alliance participou de uma mesa redonda. O objetivo era comentar sobre questões levantadas em uma dinâmica promovida ainda no primeiro dia por um Certified Scrum Trainer (CST) da Inglaterra que é uma figura, o Tobias Mayer, além de responder a questões da plateia. O tema dessa dinâmica era "o que esperamos da Scrum Alliance", e umas das primeiras discussões da mesa foi em torno de uma questão que eu, Rafael Sabbagh, havia escrito em um post-it no dia anterior: "participação de membros da Scrum Alliance em decisões da Scrum Alliance". De acordo com os diretores, estão sendo criadas "Improvement Communities", através das quais membros da entidade poderão participar, visando melhorar o processo das certificações, o Scrum Guide e outros pontos importantes. Também foi defendido um modelo de representação, que é bastante comum nas universidades americanas, no qual os membros da mesa diretora são eleitos pela própria mesa, mas há ao menos um representante eleito pela comunidade.

Como seria natural, houve muitas perguntas sobre as recentes mudanças, embora talvez cautelosas demais. A explicação dada pelo próprio Tom Mellor foi que o Ken já estava há muito tempo seguindo um caminho diferente do resto da mesa de diretores, o que se acentuou após o acidente que quase tirou sua vida em agosto passado. Dessa forma, sua saída foi inevitável. Ele continua, no entanto, sendo um CST e membro da entidade, "pelo menos por enquanto". Já Jim Cundiff, ainda de acordo com Mellor, teve um importante papel na profissionalização da Scrum Alliance, e chegou a hora de passar o bastão. Mas, ao perguntarem se ele poderia voltar, Mellor respondeu: "ele pode se candidatar".

Descobrimos também que a marca "Scrum User Group" pertence à Scrum Alliance. Mas a lista internacional é moderada pelo Schwaber, então ainda teremos muita confusão pela frente.

As Palestras

Foram quase cinquenta palestras em três dias, muitas delas simultâneas, e foi difícil escolher qual assistir.

Mas podemos destacar algumas. Jeff Sutherland, um dos criadores do Scrum, fez uma excelente palestra sobre como tornar times hiperprodutivos. Lowell Lindstrom e Tom Mellor falaram sobre "Effective Coaching", o que também foi imperdível. Já Mike Cohn fez uma apresentação sobre como um controle sutil deve ser exercido sobre times auto-organizáveis para que funcionem bem, como por exemplo através da definição do que é performance para o grupo, da escolha das pessoas ou da criação de desafios para que o time ache a solução.

O principal insight da palestra de Simon Bennett sobre aplicação da teoria de jogos a contratos ágeis foi que não fazem sentido fórmulas complicadas para encaixar contratos tradicionais em projetos ágeis. A agilidade é um novo paradigma, então os contratos devem se adequar a isso, e não o oposto. A melhor palavra aqui é "simplicidade". Mas não achamos que a palestra ofereceria mais algo interessante que isso e saímos logo para tomar uma cerveja no bar do hotel, comemorando o sucesso de nossa apresentação. Bennett também conduziu um ótimo painel sobre o papel do Product Owner. Aliás, houve muitas palestras sobre o P.O., incluindo como produzir melhores requisitos (Victoria Hall), planejamento de releases (Dan Berg Johnsson), ferramentas práticas (Serge Beaumont), como evitar armadilhas (Roman Pichler), riscos (Mark Summers) e storypoints (Jodok Batlogg e Boris Gloger).

Foi marcante a performance quase teatral de Gwyn Morfey e Laurie Young em que apresentaram algumas ferramentas práticas para Scrum. A posse da "espada" de papel para evitar colisões na integração contínua foi interessante, mas gostamos mesmo da idéia simples de marcar as reuniões em horas quebradas, como 11:03, de forma que as pessoas não arredondem a hora de aparecer. E da prática de começar as reuniões sempre que houver n-1 pessoas presentes para evitar atrasos, sendo n o número total de participantes esperados.

David Harvey falou sobre objetos sociais em times ágeis, como a espada de Morfey e Young. Houve ainda apresentações de alguns estudos de casos como o de Harvey Wheaton sobre a implementação de Scrum em uma empresa de jogos, com o objetivo de falar sobre times auto-organizáveis. Mas foi uma apresentação rasa e, sem Product Owners, com ScrumMasters mutáveis emergindo dos desenvolvedores e com sprints de tamanho variável, que são trocados pelo trabalho diário quando próximos a entregas, parece que eles não estão de fato praticando Scrum. Esperávamos mais de uma apresentação feita no salão principal a todos os participantes.

Por fim, o Tobias Mayer promoveu, duas vezes por dia, uma sessão chamada "The Scrum Clinic", na qual ele e outros especialistas discutiam temas variados em torno de Scrum com a audiência.

Slides de muitas das palestras estão disponíveis no site da Scrum Alliance e vale a pena dar uma olhada.

Caipirinha

O Boris Gloger, um dos patrocinadores do evento, promoveu no final do primeiro dia uma noite alemã no restaurante-taverna Hofbräuhaus, onde assistimos a apresentações de música típica alemã e nos foram oferecidas cervejas servidas em copos de um litro. Boris dá cursos de ScrumMaster no Brasil e tem negócios aqui. Por isso, é frequentador assíduo do país e é fã de nossa cultura. Ao identificar o grupo de brasileiros, ele nos convidou a ajudarmos em uma sessão especial que ele iria promover no dia seguinte: Caipirinha Mixing.

Boris trouxe limão, açúcar, gelo e muita, muita cachaça. Nós - Rafael Sabbagh e Marcos Garrido, além de Danilo Bardusco, viramos Certified Caipirinha Trainers e ensinamos muitos europeus a cortar o limão, adicionar o açúcar, amassar tudo - mas não demais - e completar com gelo e a cachaça. Garrido, por coincidência, trouxe e usou uma camisa com a receita. A caipirinha era feita e a Ana Rouiller fazia o Quality Assurement. Se aprovada, o "aluno" recebia um diploma de "Certified Caipirinha Master".

Eis que surge o Tom Mellor, presidente da Scrum Alliance. Bem que tentamos ensiná-lo a fazer caipirinhas, mas na verdade ele acabou adicionando um leve aroma de limão a um copo cheio de cachaça e virou tudo em um gole só, sem pestanejar. "Good", ele disse. Depois, voltou para repetir a dose.

Logo após as caipirinhas, Garrido conversou com Mike Sutton, que se entusiasmou com nossas ideias de trazer o Scrum para dentro das universidades no Brasil. Além de oferecer apoio irrestrito, Sutton convocou o Tom Mellor, que após 45 minutos de conversa com o Garrido garantiu apoio da Scrum Alliance para nossa iniciativa. Efeito das caipirinhas? Vamos ver no que isso vai dar.

Conclusão

Foi um evento excelente, em que fizemos nossa parte na apresentação e tivemos à nossa disposição um vasto cardápio de palestras, que nos agregaram muitas experiências e conhecimentos. Como não poderia ser diferente, algumas não foram tão boas e poderiam ter sido melhor escolhidas.

Mas o mais enriquecedor foram os contatos com praticantes de Scrum de toda a Europa. Participamos de rodas de conversa com pessoas de 5 ou 6 países diferentes, trocando ideias sobre suas experiências com Scrum. Para quem está acostumado com o eixo Rio - São Paulo, foi de certa forma impressionante perceber que não há barreiras entre os países da comunidade europeia, já que para muitos dos empreendedores é comum possuir escritórios em 2 ou 3 países diferentes.

Por fim, mas não menos importante, estreitamos o contato com membros da Scrum Alliance e nos aproximamos ainda mais de nossos colegas brasileiros.

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