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Tecnologia em vez de pensamento? Os riscos do foco no ‘agora’

Steve Jones, da CapGemini, tem escrito muito ao longo dos anos sobre aspectos de SOA, REST e TI em geral. Em um artigo recente chamado "Opensamento está morto", descreve suas crenças de que a TI valoriza tecnologias em detrimento ao pensamento. Mas o que exatamente quer dizer com isso? Jones começa citando o artigo de Anne Thomas-Manes de 2009, em que a autora declara que o SOA está morto, e prossegue dizendo:

O valor do "pensamento" e do raciocínio em TI está diminuindo, de modo semelhando ao que acontece na sociedade em geral - ao ponto em que projeto, planejamento, arquitetura e qualquer coisa que não inclua batucar no teclado, parece menos relevante que opiniões e fatos.

Steve Jones comenta sobre o que tem acontecido com REST e a euforia em torno da técnica nos últimos anos. Suas opiniões sobre o assunto, seja questionando o sucesso ou não do REST no mundo corporativo, ou se existem falhas intrínsecas na maneira em que a tecnologia tem sido vendida à comunidade, estão resumidas em um artigo de sua autoria:

Os últimos cinco anos têm sido ruins para a TI corporativa. As tecnologias WS-* são o único mecanismo viável de integração entre sistemas para projetos grandes, mas estão ficando estagnadas. O REST tem partes interessantes para o front-end e para organizações que podem investir apenas em pessoas altamente qualificadas, mas é incapaz de produzir qualquer coisa num ambiente corporativo típico.

Jones acredita que, independentemente de fazer sentido para a arquitetura ou para a implementação, a última novidade não atrairá mais atenção do que abordagens mundanas e validadas pelo tempo, que produziriam maior impacto imediato para o negócio. Isso não ocorre apenas com REST, defende. O autor acredita que existem problemas semelhantes em torno da adoção de Big Data e Hadoop.

O grande crescimento da informação foi complementado por uma quantidade de baboseira igualmente grande, além de uma enorme falta de pensamento crítico. Qual a maior barreira para coisas como Hadoop? "A falta de processamento em tempo real", reclamam. Sério? Não seria porque milhões de pessoas pensam do modo SQL/relacional e têm dificuldade de pensar de maneira não relacional e não SQL?

Com base em suas experiências, Jones observa que planejamento, arquitetura e design dentro da TI têm sido ignorados ou ganhado má reputação - o que deve ser ignorado, apesar da ampla evidência do sucesso de técnicas como TDD e design por contratos. Como cita o artigo, predomina na indústria a adoção de tecnologias novas e não testadas, dando-se preferência às expectativas exageradas e à "moda", ao invés de abordagens que se mostraram viáveis repetidas vezes, mas que não entusiasmam os twitteiros.

Hoje o termo "especialista" significa "pessoa que grita mais alto", do mesmo jeito que acontece na política dos EUA. Fatos, racionalidade e experiência são considerados desvantagens.

Isso já foi visto antes, no REST, por exemplo. Os argumentos para seu uso algumas vezes eram baseados apenas na "gritaria", como comenta Jones, ao invés de terem base numa discussão lógica ou racional.

Fui informado que minha opinião sobre uma tecnologia estava 'contaminada', já que havia usado várias outras tecnologias que competiam com ela, e portanto eu estava tendencioso. Também tinha usado a tecnologia em discussão e não havia gostado dela. A parte do código era razoável, mas ao estudar o ferramental, o ecossistema e os treinamentos disponíveis, simplesmente não podia recomendá-la ao cliente. Experiência e conhecimento não são tendenciosos; analisar e criticar novas abordagens não é ruim; pensar não é sujo.

Jones acredita que projeto/design e arquitetura são habilidades em extinção, com a avaliação crítica (científica) sendo substituída por "fanatismo no grito".

O enfoque na tecnologia da moda em vez de na que traz resultados para o negócio, e o enfoque em codificação de curto prazo ao invés de no design para o longo prazo, fizeram com que os departamentos de TI fossem desmembrados, e que as pessoas do negócio o tratassem cada vez mais como commodity. Pensar, projetar, planejar, arquiteturar, e ser cético sobre novas tecnologias, são a única esperança para manter a TI relevante.

Em um comentário ao artigo de Jones, é dito que estamos vendo uma nova onda em que todas as tecnologias são consideradas como uma bala de prata, que irão resolver todos os problemas de TI; isso porque a TI está sendo gerenciada por pessoas "de terno". Mas Steve Jones acredita que é muito pior do que isso; que os membros fundamentais da TI, tais como desenvolvedores e arquitetos não estão realmente pensando:

Queria que fossem apenas o pessoal de terno - mas o problema real é que boa parte da TI está sendo entregue por pessoas que creem que formalismo e rigor são ruins, e que o importante é criar produtos bonitos e reluzentes.

Se quem entrega as implementações que deveriam resolver os problemas do negócio não estão indo além do hype, sem considerar alternativas validadas e testadas por vários anos, temos um problema. Mas talvez Jones esteja enganado? É possível que a impressão se deva às características dos projetos em que trabalhou... ou seria algo generalizado?


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