Pontos Principais
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As migrações para a nuvem são um esforço consultivo e analítico, mesmo que esteja utilizando a própria equipe ou uma empresa terceirizada. Portanto, a participação ativa dos stakeholders e até mesmo de funcionários mais influentes é essencial para o sucesso da migração para a nuvem;
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A descoberta e a avaliação ocorrem durante a primeira fase de migração para a nuvem, onde é mapeado a infraestrutura de TI já existente. Então, esteja preparado para análises e relatórios sobre o estado atual da infraestrutura de TI e o caminho para a nuvem;
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A migração do legado da TI para a nuvem é onde o verdadeiro trabalho acontece. Se a análise e os resultados da fase de descoberta se tornarem um plano de ação, a equipe de migração trabalhará na migração;
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A aplicação e a segurança dos dados devem estar, em sua concepção, na base de cada fase da migração para a nuvem.
A migração para a nuvem não é única para todas as situações. É um esforço consultivo e analítico, mesmo que estejamos utilizando a nossa equipe interna ou terceirizando para fazer a integração. A criação de um framework de migração para a nuvem, realizada em fases, fornece uma ferramenta para gerenciamento, prestação de contas e relatórios de status, tanto para uma migração feita com mão de obra caseira quanto por terceiros. O framework deve ser uma documentação escrita, não um histórico de conversas sobre a migração. É necessário uma trilha de auditoria na jornada para a nuvem com o objetivo de promover o aprendizado e a prestação de contas.
Outro uso para este framework é como sendo uma ferramenta educacional para os stakeholders. Sendo um framework, oferece muitas oportunidades para relatórios, demonstrações e outros pontos de contato com os stakeholders. Aproveite essas oportunidades para orientar os executivos e as pessoas de negócios durante o processo de migração, pois o framework de migração para a nuvem disponibiliza a audibilidade e a chance de parar, receber feedback, resolver problemas e comunicar-se com o desenvolvimento, operações e o pessoal de negócios.
Um típico framework de migração para a nuvem geralmente consiste de três a quatro fases, que conduzem a migração do planejamento até a área de operações:
Fase 1: Descoberta e avaliação da infraestrutura existente de TI
A empresa não pode migrar para a nuvem até que se entenda qual a infraestrutura de TI já existente. Algumas equipes dentro da empresa podem trabalhar em silos por função do negócio, algumas vezes até sem o conhecimento das pessoas, dependendo de fatores como o tamanho da empresa e o número de escritórios físicos espalhados. Obter uma imagem completa do que está funcionando pode não ser possível apenas olhando o departamento de TI. Para os iniciantes, as equipes de armazenamento, redes e segurança da empresa podem não trabalhar juntas com frequência. Com certeza, reunir essas equipes deve ser a primeira atividade desta fase.
A equipe de migração para a nuvem deve ser formada durante esta fase. Se a empresa contratou uma equipe especializada externa para executar a migração para a nuvem, ela deverá ser composta por arquitetos de soluções, analistas de negócios e outros especialistas. Provavelmente, o departamento de TI da empresa não terá esses especialistas na folha de pagamento, especialmente se ela estiver fazendo sua primeira iniciativa significativa na nuvem. Na realidade, as equipes de migração para a nuvem devem ser híbridas e multifuncionais, com representantes do provedor de soluções, CIO, equipes de TI e segurança cibernética. Também é o momento de adicionar recursos financeiros à equipe de migração para começar a trabalhar nas melhores maneiras de analisar os futuros gastos com a nuvem, o custo total de propriedade (TCO) da nuvem e os modelos financeiros exigidos pelo CFO. Ter um parceiro que possa oferecer suporte nas etapas financeiras da nuvem pode ajudar a desenvolver um business case e uma visão de alto nível para entregar aos executivos e ao conselho corporativo.
Os processos que precisam ser resolvidos por meio da adoção da nuvem também podem estar em diferentes departamentos. A falta de conhecimento ou documentação institucional também dificulta a avaliação adequada da aplicação do legado, suíte de aplicações ou aplicação corporativa. Esses são exemplos de informações que a empresa talvez não saiba de imediato, mas que podem ser identificadas após uma equipe de migração avaliar a prontidão para a nuvem.
A avaliação da equipe de migração também pode encontrar outros problemas, como largura de banda de rede inadequada e excesso de provisionamento de recursos. Ambos os problemas podem contribuir para aumentar os custos quando a empresa estiver na nuvem.
Fazer uma fusão do provedor de soluções com a equipe interna de migração permite responder a perguntas desafiadoras sobre o estado real de prontidão para a nuvem. Os membros das equipes de desenvolvimento, operações e segurança precisam ter seus lugares reservados neste grupo. As análises e os relatórios da equipe devem ajudar a demonstrar onde a empresa se destaca ou fica atrasada em relação ao suporte à nuvem. Essas respostas vêm de reuniões e entrevistas com os donos das aplicações e de negócios da empresa. Utilize esta fase para gastar o tempo extra para ter os requisitos da nuvem escritos no papel e para definir as prioridades de migração para a nuvem com base nesses requisitos e no orçamento.
Quaisquer discussões iniciais sobre DevOps devem começar nesta fase, com os desenvolvedores, o pessoal de quality assurance, os gerentes de projeto e os envolvidos da área de operações, obtendo informações iniciais sobre a transformação. As considerações incluem a transformação do processo, o treinamento da equipe, a escolha da ferramenta de integração e de entrega contínua (CI/CD) e a devida implementação.
Os requisitos de segurança que se aplicam ao ambiente atual também devem estar no ambiente de destino na nuvem. É importante considerar que o novo ambiente na nuvem pode apresentar novos riscos à segurança. A equipe de migração precisa levar em consideração o gerenciamento de incidentes e de problemas e a conformidade durante o trabalho de descoberta.
A equipe de migração deve inspecionar o ambiente corporativo em busca de aplicações, dados, servidores, redes e armazenamento. Essa inspeção também deve se concentrar nas várias interdependências entre os elementos. A revisão mais útil é de duas fases:
- Ferramentas automatizadas para encontrar a infraestrutura física, os requisitos e especificações das aplicações;
- Descoberta manual de requisitos adicionais por meio de entrevistas com os donos das aplicações e os stakeholders de negócios.
Os resultados das inspeções e descobertas também podem ajudar a empresa a determinar os requisitos de segurança da migração, como realizar a migração das aplicações com requisitos de segurança semelhantes em conjunto. Outros requisitos de segurança na nuvem também podem surgir, por isso, precisamos estar preparados para envolver o CISO e até mesmo o auditor de conformidade neste momento para obter aconselhamento sobre as descobertas.
Um exercício opcional para esta fase é fornecer um treinamento da nuvem para os stakeholders por meio de treinamentos da empresa, utilizando uma plataforma online como A Cloud Guru, o Cloud Academy ou outro provedor. As pessoas treinadas facilitam a equipe de migração a transmitir os benefícios que a nuvem pode oferecer aos negócios. Além disso, a equipe está numa melhor posição para avaliar as lacunas existentes no sistema, enquanto a migração para a nuvem está sendo preparada.
Fase 1 Resultados
Se existir uma parceria com uma empresa profissional de serviços para realizar a migração, ela deverá fornecer um relatório de recomendação no formato padrão. Se a empresa estiver gerenciando a própria migração, a documentação escrita desta fase será imperativa. Documente as decisões e reúna os tomadores de decisão para que possam revisar a documentação escrita e ter tempo suficiente para fazer perguntas e expressar suas preocupações.
Fase 2: Migração da TI legada para as operações na nuvem
A migração para a nuvem é cheia de lições para serem aprendidas, até mesmo para as empresas cloud-first mais experientes. Uma das lições aprendidas é a dificuldade de melhoria real ao longo do tempo devido a utilização de métricas incorretas. Por exemplo, a empresa possui uma aplicação legada que está em funcionamento e atende a um contrato de nível de serviço (SLA) e o uso de rede associado a aplicação também está cumprindo seu SLA. Já a experiência do usuário está inadequada, pois o tempo de resposta está lento e não pode ser mensurável. Nesse caso, o armazenamento pode ter sido provisionado de maneira insuficiente.
Outro exemplo é o orçamento para executar a aplicação na nuvem estar mais caro que o esperado. Alterações na arquitetura podem ser um requisito para aumentar o desempenho, fornecer mais segurança ou endereçar as boas práticas que foram negligenciadas. Um integrador de sistemas com experiência em avaliações da nuvem e familiarizado com esses problemas em potencial pode ajudar a empresa a resolver esses desafios.
Durante essa atividade, a equipe de migração move a infraestrutura, as aplicações e os dados atuais para o novo ambiente na nuvem. A primeira parte desta atividade é planejar a migração. A equipe obtém o resultado da fase de descoberta e começa a desenvolver o(s) plano(s) de migração. A equipe desenvolve o(s) plano(s) analisando as descobertas encontradas para agrupar as aplicações com as estimativas correspondentes para sua migração. O plano do projeto deve levar em consideração uma fase piloto e outra de testes, antes que as aplicações na nuvem entrem em produção.
O time também deve desenvolver planos de teste para verificar:
- A funcionalidade de aplicações migradas, incluindo estratégias de retorno se o teste não for bem-sucedido;
- O desempenho da aplicação, garantindo que o pessoal de negócios tenha como objetivo atender ou superar quaisquer SLAs;
- A segurança das aplicações, incluindo quaisquer restrições de acesso do usuário ou requisitos de criptografia dos dados.
Se a migração para a nuvem também corresponder a uma mudança para o DevOps, o conjunto de ferramentas DevOps da empresa deve ficar online durante esta fase. Pode assumir a forma de ferramentas DevOps nativas do CSP, ferramenta híbrida ou conjunto de ferramentas cloud-first, dependendo de como os requisitos chegam à fase de descoberta.
Também são desenvolvidas durante esta atividade, as métricas da nuvem que os stakeholders podem exigir para avaliar o sucesso geral da migração. Essas métricas são o início de qualquer linha base de desempenho da nuvem. Reserve um tempo no cronograma de migração para revisão e aprovação dos stakeholders.
As migrações para a nuvem acontecem em três níveis da pilha de tecnologia:
- O nível de infraestrutura, onde a equipe de migração desenvolve o novo ambiente para a migração das aplicações. O trabalho preparatório típico de uma migração nesse nível inclui a configuração do Active Directory, a criação de uma nuvem privada virtual e outras atividades no nível do sistema.
- O nível da aplicação, no qual a equipe de migração projeta, migra e confirma cada aplicação de acordo com uma das seis estratégias de migração de aplicações. Para os fins deste artigo, essas estratégias são Rehost (Re-hospedar), Replatform (Re-plataforma), Replace (Substituir), Refactor (Refatorar), Retire (Aposentar) e Retain (Reter). A equipe de migração começa com as aplicações menos complexas, como aplicações customizadas em nível de equipe e departamento, e então trabalha para migrar as mais complexas. Todo o trabalho nesse nível deve ocorrer usando uma abordagem de melhoria contínua, para que os relatórios de status e demonstrações para feedback poupem qualquer surpresa pós-migração.
- O nível de dados, em que a equipe de migração movem os dados da aplicação e do sistema para a nuvem e configuram o uso de serviços SaaS, como o AWS RDS para o banco de dados. A recuperação dos dados ocorre na nuvem ou a equipe carrega os dados em um novo banco de dados. Essa migração ocorre com o suporte da segurança cibernética.
As equipes de migração trabalham com uma lista priorizada de cargas de serviço baseados nos padrões de migração, aplicam modelos operacionais e de migração conhecidos, reduzindo os riscos. Após a conclusão das alterações, as equipes trabalham com o cliente para executar testes funcionais e de performance, validando o novo ambiente e desativando os sistemas antigos. O trabalho final nesta atividade é a transição dos sistemas de produção para o novo ambiente na nuvem.
A segurança durante esta fase deve incluir a proteção de dados em repouso e durante o transporte. Também é certeza que exista casos onde as equipes terão que implementar novas medidas de segurança de acesso, como o identity access management (IAM).
Fase 2: Resultados
A migração das aplicações e dos dados para a nuvem durante essa fase, geralmente leva a um dos dois resultados a seguir. Um dos resultados é um piloto das aplicações recém-migradas para disponibilizar a tecnologia à um parceiro de negócios por um período de teste, e então a aplicação entra em produção. O outro resultado, que é menos recomendado, é levar as aplicações diretamente para a produção.
Fase 3: Operar e Otimizar
Finalmente, uma vez que a empresa migrou as aplicações para a nuvem e desativou os sistemas antigos, ela está realizando os primeiros passos para um modelo operacional moderno. Essa fase deve começar com um período de transição, pois a equipe do provedor de soluções começa a fazer a passagem do projeto. Os membros da equipe da fase 1 agora podem iniciar atividades críticas de operações na nuvem, como verificação de métricas, gerenciamento de SLA, otimização de serviços e segurança na nuvem.
A transformação do DevOps também deve decolar durante esta fase. Trate os primeiros projetos através do novo conjunto de ferramentas DevOps como sendo projetos piloto. Além disso, é preciso levar em consideração um tempo nas sprints do projeto para coletar relatórios das ferramentas e o feedback das equipes, introduzindo uma abordagem de melhoria contínua nas operações da nuvem.
Fase 3: Resultados
As operações na nuvem, completas ou parciais, não são o resultado final do processo de migração para a nuvem. À medida que se aprende mais sobre o gerenciamento, segurança e otimização de custos na nuvem, talvez seja hora de repetir todo ou parte desse processo conforme uma nova onda de aplicações são migradas ou novos usuários são incorporados no mundo cloud.
Sobre o autor
Will Kelly é um escritor focado em Cloud e DevOps. Trabalha como escritor técnico de um integrador de sistemas em Washington, DC. Ao longo de sua carreira, trabalhou em projetos de clientes do setor público e comercial. Os artigos de tecnologia de Will foram publicados por TechTarget, Opensource.com, CNET TechRepublic e outros sites importantes. Também desenvolveu conteúdos em liderança de pensamento para líderes do setor, incluindo Cisco, IBM e Samsung. Siga-o no Twitter: @willkelly