A cada dia que passa, Design Sprint é uma prática que vem sendo executada em mais e mais áreas de TI, e também em áreas de Inovação e negócio das empresas. A popularização do livro de Jake Knapp da Google Ventures, "Sprint, o método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias" é algo que ilustra como essa prática vem ganhando cada vez mais adeptos.
Se por um lado a popularização faz com que cada vez mais e mais pessoas falem sobre o assunto, por outro traz sempre o risco de que o modelo seja deturpado com o passar do tempo. Com base nas diversas Design Sprints que já tive a oportunidade de facilitar, elenquei algumas dicas para ajudar as pessoas que estão levando este método adiante para dentro das organizações na busca incessante por inovação e jornadas incríveis.
1 - Faça uma reunião de alinhamento antes (pré-game)
Este é um momento muito importante para que os 5 dias de Design Sprint (DS) sejam os mais produtivos possíveis, focando o esforço de todos em objetivos comuns. Explique o cronograma, os objetivos de cada dinâmica, reserve a sala e a agenda dos envolvidos com antecedência.
Nesta etapa, é importante que todos concordem com o desafio que será abordado durante a semana de DS e, com base nisto, defina atividades que as pessoas devem realizar previamente a este trabalho como, por exemplo, levantar informações que possam embasar a discussão. Ao quantificar os dados e falar sobre "fatos e dados" já é possível economizar bastante tempo nas discussões, direcionando o MVP com base em números e não em achismos.
2 - Tenha um desafio de negócio, não de tecnologia
O ideal, ao executar uma Design Sprint, é validar algum conceito voltado ao usuário, como uma nova jornada, funcionalidade, layout, experiência, dentre outros. Evite ao máximo que a sua Design Sprint seja focada em desenvolvimento (programação de fato) pois para isso existem outras formas para elaborar provas de conceito técnicas. Se possível, sempre traga desafios de negócio, e deixe algum grau de liberdade para os participantes definirem o rumo da solução. Se seu desafio é "Criar um app que tenha as funcionalidades A, B e C", não existe necessidade de uma DS, pois você já sabe o produto que quer criar.
3 - Reserve a mesma sala todos os dias
Já participei de Design Sprint em que precisávamos usar duas ou três salas diferentes no mesmo dia. Essas mudanças além de dispersarem as equipes, exigem nova adaptação ao ambiente, e fazem com que os times percam tempo sem necessidade.
4 - Tenha gerentes entre os participantes
Evite executar uma Design Sprint apenas com pessoas que atuam em posições operacionais, pois mesmo que conheçam muito do negócio, ainda assim não possuem o poder de decisão para quebrar o modus operandi da empresa. Assim que gestores, ou quem sabe a alta gestão, participarem das dinâmicas de ideação, fica mais fácil quebrar barreiras e evoluir rumo a novos modelos de negócio disruptivos para a corporação.
5 - Crie personas baseadas em pessoas reais, e não em achismos
Escolha algumas pessoas reais da base de clientes para serem as suas personas. É comum ao realizar as dinâmicas de criação de Personas, que os times não conheçam no detalhe seus clientes. Pior do que não mapear personas, certamente é criar personas que não existem.
6 - Realize testes de usabilidade com clientes, não com equipes internas
Algumas vezes já tive que executar testes de usabilidade com equipes internas, seja por uma falta de planejamento ou pela empresa ter receio em entrar em contato com seus clientes finais. Equipes internas geralmente possuem uma visão já "viciada" sobre o tema, e podem ter dificuldades para aceitar algumas mudanças, direcionando os testes de usabilidade para um resultado negativo. Quem está fora da empresa tem uma visão do mercado, já que é abordado por diversas empresas em cada segmento. Essas são as melhores pessoas para validarem seus conceitos idealizados pela Design Sprint.
7 - Coffee break ajuda bastante
É importante definir no cronograma qual será o horário do coffee break em cada dia. Quando não temos isto, é comum as pessoas saírem da sala a todo momento para irem buscar um cafezinho. Se fosse apenas isso tudo bem, mas na prática sempre acontecem reuniões em paralelo durante o café e as pessoas acabam ficando algum tempo fora da sala.
8 - Mantenha um Estacionamento de Ideias
É comum termos ideias que não cabem no MVP. Mas não é por isso que vamos desconsiderá-las. Crie um estacionamento de ideias (parking lot) e vá registrando esses temas com post its nesse espaço.
Ao realizar esta prática, você terá duas vantagens: (1) evitará discussões sobre temas já despriorizados, para que não voltem a ser discutidos e tomem tempo da dinâmica de ideação; e (2) essas ideias não irão se perder, podendo ser tratadas futuramente pela equipe como temas de evolução do MVP.
9 - Consolide os materiais
Durante a Design Sprint existem diversas ideias preciosas que não podem ser perdidos. Crie um relatório personalizado que tenha tudo que foi discutido: personas, jornadas, ideias, MVP, pessoas e áreas envolvidas, técnicas executadas, etc. Envie esse material para todos que participaram e às demais pessoas interessadas da empresa, para que conheçam o trabalho que foi realizado.
10 - Guarde sempre um espaço para a descontração
Design Thinking geralmente gera muita tensão na equipe, principalmente se os temas em questão forem polêmicos. Sendo assim, momentos de descontração são preciosos para ajudar que as discussões continuem a fluir de forma positiva. Um happy hour, por exemplo, é uma boa possibilidade a ser considerada.
Essas são algumas dicas para que você possa ter sucesso em seus processos de ideação e validação de ideias. E você? Tem alguma sugestão a dar para incrementar essa lista? Boa Design Sprint!
Sobre o Autor
Mateus Dias atua em projetos de inovação e transformação digital a partir do uso de técnicas de Design Thinking e Design Sprint. Já aplicou os métodos em segmentos como indústria, energia, financeiro e varejo. Possui formação em Sistemas de Informação, certificados SCRUM e é especializado em gestão de projetos.