Na sexta e última parte da série sobre equipes de alto desempenho, é feita uma retrospectiva e apresentada uma consolidação dos desafios enfrentados pelo Scrum Master na formação de um time, assim como os benefícios gerados para o resultados dos projetos e o atendimento das expectativas dos clientes.
Nesta série, foram apresentados os conceitos sobre equipes de alto desempenho. Foi também vista a diferença entre grupos de pessoas e equipes, e uma maneira sistemática de como levar um grupo de pessoas ao estágio de equipe para alcançar níveis de produtividade e desempenho superiores.
É importante destacar que o líder desse processo, o Scrum Master, tem como responsabilidade fazer com que o time entregue o produto combinado no prazo acordado (o chamado timebox do Sprint) e com a qualidade esperada. Tudo isso é feito almejando o objetivo principal: atender às expectativas dos interessados no projeto (ou stakeholders). Além desses passos levarem as pessoas a descobrirem seu potencial e a buscar seus limites e motivação, fica visível a satisfação do cliente no processo, ao receber seus projetos entregues.
O Time e o Product Owner
O trabalho do Scrum Master é de formar o time para os desafios, através de um profundo exercício de liderança. Durante esse trabalho, ele (ou ela) faz com que ocorra, de forma gradual, a integração e a melhoria do relacionamento e comunicação entre o time e o PO. Quando isso ocorrer, é uma evidência de que o trabalho do Scrum Master foi bem sucedido.
Nesse momento, o Scrum Master torna-se descartável! Se fez um bom trabalho, preocupou-se em formar uma nova liderança dentro do próprio time (o "Capitão", conforme relatado na parte 5 desta série).
Muitos projetos fracassam devido a problemas de comunicação e à falta de alinhamento de expectativas entre quem pede (o Product Owner e o Cliente) e quem executa (o Time). Nesse trabalho, não existem intermediários. E o Scrum Master cria o ambiente que faz a integração entre as duas partes, tornando o ambiente de trabalho transparente e sem ruídos na comunicação.
Desafios de formar um Time
No Estágio 1 de Formação de uma equipe ou time, o principal desafio do Scrum Master será garantir que as cerimônias sejam cumpridas e as "regras do jogo" estejam claras para os envolvidos - membros da equipe de construção e clientes.
No Estágio 2, de Conflitos, a habilidade de canalizar as divergências para o resultado será a grande responsabilidade do Scrum Master (SM). Ele terá que observar e administrar as discussões e decisões, garantindo a manutenção da autonomia e do autogerenciamento. Será fundamental entender que os conflitos irão acontecer (pois o ambiente de trabalho promove o feedback constante). O SM deve estar atento para manter somente os conflitos que tenham como objetivo a melhoria do trabalho.
Por sua vez, o obstáculo principal enfrentado pelo líder na fase 3 é manter o time focado no trabalho. Isso porque, nesse momento os membros começam a descobrir a produtividade e a forma mais eficiente de se organizar para entregar o resultado (ou seja, o Sprint Backlog). Aqui a preocupação é não deixar a equipe entrar numa aparente "zona de conforto".
Por fim, no estágio máximo de desempenho, o Scrum Master deve entender que somente levará o time a esse estágio se garantir que o time continue "incomodado", através do questionamento dos resultados. Quando o time alcança um resultado (medido como o total de pontos de cada Sprint) que nunca foi atingido antes, descobre um novo potencial de desempenho.
Quando um grupo de pessoas vira um Time, os membros estão integrados com o cliente e focados na entrega dos resultados dentro das expectativas de tempo, custo e qualidade. E o Scrum Master? O que faz quando atinge esse objetivo? Existem duas alternativas: continua fazendo a manutenção desse time ou forma o "Capitão", ou novo líder, e parte para ajudar novas equipes nesse desafio.
Qual o próximo passo? Que tal começar essa mudança no seu time agora? Muito sucesso nos seus projetos!
Sobre o autor
Alércio Bressano (@alercio), MBA, CSP, PMP é consultor e coach em Agile, Professor Universitário e Mentor em Produtividade Pessoal. É Diretor de Marketing e Comunicação do chapter do PMI em Sergipe, e desde 1999 trabalha com projetos de tecnologia. Atua como Gerente de Projetos e/ou Scrum Master em empresas de diversos ramos de negócio, fornecendo coaching na implementação de métodos de gerenciamento de projetos e formação de equipes.