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Pensamento 2.0, Grandes Empresas Conseguem ser Ágeis?

Nós da InfoQ Brasil temos acompanhado um pequeno movimento que aos poucos vem ganhando força. Até o momento ele possui vários nomes e ainda está para ser centralizado. Alguns o chamam de Manifesto 2.0, outros o chamam de Pensamento 2.0, há ainda aqueles que dizem que é um "Movimento Anti-Corporativista". O interessante é que este movimento tem partido de grandes nomes do agile no Brasil.

Manoel Pimentel, Editor Chefe do InfoQ e Revista Visão Ágil, é um dos pioneiros do Agile no Brasil e recomenda, em seu post no blog da Visão Ágil, não cresça:

...caso você esteja iniciando uma empresa nesse momento, permita lhe dar uma pequena sugestão: "Não Cresça!".

Ele explica o motivo:

Essa minha humilde opinião é oriunda da constatação de que as empresas ditas como "grandes" têm uma complexidade de funcionamento e de pensamento tão evidente, que simplesmente é muito difícil ou até mesmo impossível fazer as coisas certas acontecerem nessas organizações.

Vinícius Manhães Teles da ImproveIt desabafa em um post oriundo de uma discussão na lista da Visão Ágil:

O que uma empresa produz é resultado de como ela está estruturada. Quem tem autoridade para dizer como deve ser a estrutura de uma empresa é quem está no topo. Então, a estrutura de qualquer empresa é, no fim das contas, o resultado do modo de pensar, da mentalidade, de quem está no comando. A mentalidade da maioria dos empresários, diretores e gerentes no mundo inteiro é, com raríssimas exceções, arcaica e incompatível com o trabalho de desenvolver software. Quando o topo da empresa não entende o tipo de mentalidade necessária para se desenvolver software de forma bem sucedida, não há santo que possa fazer milagre. E eu garanto, a maioria absoluta das pessoas que estão no comando das empresas não entende uma vírgula do que significa desenvolver software. Isso inclui, certamente, a maioria absoluta dos CIOs. Não é à toa que eles buscam recorrentemente coisas como CMMI, PMBOK, MPS.BR, ITIL etc, todos absolutamente incompatíveis com a NATUREZA do desenvolvimento de software.

Em contra-partida, Alexandre Magno concorda que é necessária uma mudança radical, em sua palestra sobre Utilização de Scrum no alto gerenciamento da empresa.

...Na comunidade tem gente muito boa aplicando Scrum em projetos de TI. Mas isso não é suficiente para mudar a cultura das empresas...

...quando o Scrum é aplicado em uma única área, esta área sofre pressão das outras áreas ao seu redor...

Mas lembra:

Os altos executivos tem a mente aberta e querem resultados, independente da metodologia

Isso que nos leva a acreditar que o problema é falta de confiança por parte dos executivos em relação às pessoas. Isso ficou bem claro no evento Scrum Gathering, quando Ricardo Vargas do PMI relatou:

...seria ótimo se todos fossem pig (comprometidos com o resultado), mas a grande verdade é que a maioria das pessoas são chicken (não se importam com o resultado), só querem saber do salário no fim do mês...

Alexandre Gomes, Diretor da Sea Tecnologia e figura muito respeitada no meio de desenvolvimento de Software, discorda e vai além, apresentando o conceito um pouco mais a fundo, em seu post sobre o Manifesto 2.0:

Vemos então dois momentos históricos bem distintos, dois modelos de pensamento bem claros ou, como temos dito, duas escolas bem definidas. E o melhor (ou pior) é que não se trata de um evento exclusivo da TI. Pelo visto, é algo de dimensões ainda não muito definidas pra nós, também presente em outras áreas do conhecimento. Especulamos que chamarão isso no futuro de algum nome. Talvez pós-modernidade, realismo-moderno, whatever. Não vale a pena tentar definir um nome pra isso agora. Melhor observar, aprender e ter a sobriedade para colher seus melhores frutos.

Dentre vários pontos importantes, Alexandre menciona a visão dos Recursos Humanos no modelo tradicional e como isso passa a ser tratado como gestão de Pessoas no modelo 2.0

Na visão tradicionalista, profissionais são vistos como máquinas, com comportamentos determinísticos, produtividade contínua e de fácil substituição.

A nova visão, felizmente, já compreendeu que profissionais não são máquinas, mas pessoas que sofrem de alegria, tristeza, motivação, depressão, cansaço, empatia e vários outros aspectos que influenciam em seu trabalho. Por isso, é tão complexo extrair métricas precisas de sua produtividade. Afinal, cada dia é um dia, cada projeto é um projeto e cada equipe é uma equipe. Na mesma linha, a substituição de profissionais também não é matemática. A sinergia entre os membros de uma equipe são fatores ímpares para sua motivação e produtividade. Trocar seis por meia dúzia pode por toda a dinâmica do grupo abaixo.

Como conclusão, percebemos uma grande sinergia da comunidade ágil em busca de um novo modelo da gestão, que preza:

  • mais qualidade e flexibilidade do que comportamentos determinísticos
  • mais conforto e humanidade do que números de medição de produtividade
  • mais reflexão e pensamento do que atividades repetitivas

Este é o modelo 2.0 que vem surgindo em meio ao movimento Ágil no Brasil e que acredito ter suas próprias vertentes no mundo.

Por isso a InfoQ pergunta: Será que o Agile exige que as empresas voltem a ter uma cultura de empresa pequena? O que você acha?

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