A Microsoft está liberando 3 drivers de dispositivo para Linux, 20.000 linhas de código, para o kernel 2.6.32 do Linux, sob licença GPLv2.
Tom Hanrahan, Diretor do Centro de Tecnologia Open Source da Microsoft, explica o que motivou a Microsoft a dar este passo bastante incomum:
É importante entender um ponto-chave da virtualização. Quando você tem um sistema operacional rodando como uma máquina virtual, ele precisa saber que está fazendo isso, para que não faça chamadas a periféricos diversos diretamente. Na terminologia Microsoft chamamos isso de esclarecimento. O Windows Server 2008 foi projetado para ser esclarecido, assim ele saberia quando está rodando como uma máquina vitual e quando está rodando sobre hardware físico.
Para o Linux experimentar o mesmo em Hyper-V, ele precisava ter o mesmo esclarecimento. A fim de permitir isso, tivemos que escrever drivers de dispositivo do Linux.
Esses drivers estavam inicialmente disponíveis para download para serem usados com a primeira versão de Hyper-V, mas a Comunidade Linux convenceu a Microsoft, por intermédio de Kroah-Hartman, que foi o primeiro a propor isso à Microsoft, que a forma de disponibilizar drivers de dispositivo para o Linux era liberá-los para a comunidade, de forma que qualquer distribuidor comercial ou não-comercial pudesse usá-los, modificá-los e distribui-los à vontade.
Hank Janssen, Gerente no Centro de Tecnologia Open Source da Microsoft, o líder da equipe que escreveu esses drivers, promete que ela não irá parar de trabalhar no código:
Nós iremos continuar a atualizar o código dos drivers para melhorar a interoperabilidade regularmente, mas temos a esperança de que outros desenvolvedores na comunidade irão achar o código útil e merecedor de colaboração.
Jay Lyman, um analista para o 451 Group, faz alguns comentários sobre a significância dessa manobra. Layman acredita que a Microsoft irá deter a propriedade intelectual do código:
O copyright do código ficará com a Microsoft, com os créditos de contribuição indo para seu líder executivo, Hank Janssen, Group Program Manager do Centro de Tecnologia Open Source da Microsoft,
mas seu entendimento é que a Microsoft concorda em não exigir nenhum direito de patente, e conseqüentemente não cobrar nenhum royalty pelo código:
Se estivéssemos apostando em qual é a mais provável teoria da conspiração a surgir em resposta a essa notícia, seria de que este é um cavalo de Tróia e a Microsoft está fornecendo código para o Linux para o qual irá reivindicar direitos de patente. Se isso é possível, até em teoria, depende da nossa compreensão da GPLv2.
… Em última instância isso é uma questão para um advogado, ou um escritório de advocacia (sim, isso é irônico, aparentemente). Enquanto isso, é nosso entendimento que o entendimento da Microsoft é fornecer código usando a GPLv2 que inclui uma premissa de não cobrar royalties, ou declarar nenhum patente cobrindo o código que está sendo fornecido.
Lyman também expressou sua opinião sobre o motivo da Microsoft ter feito essa manobra:
As distribuições Red Hat e Novell já suportam código esclarecido, graças ao desenvolvimento feito por ambas em parceria com a Microsoft. Um benefício para a Microsoft em fornecer código para o kernel é que ele reduz duplicação de esforços e o custo de suportar múltiplas implementações individuais de Linux. Uma vez o código sendo aprovado para o kernel, a Microsoft usará o código presente na árvore de código do kernel como base para desenvolver integrações para virtualização futuramente.
Isso também significa que as distribuições de Linux comunitárias poderão fazer uso do código, abrindo mais oportunidade para a Microsoft no mercado de hospedagem, onde a adoção de distribuições Linux comunitárias como Ubuntu, Debian e CentOS é significativa. Conseqüentemente isso também fortalece um pouco a competitividade que esses sistemas operacionais comunitários mostram frente ao Red Hat e ao Novell, que são concorrentes comerciais mais diretos para o Windows.
Não se engane, a contribuição da Microsoft é motivada por seus próprios interesses. Enquanto ela deve servir e responder aos clientes corporativos que continuam a promover o uso de múltiplos sistemas operacionais e ambientes operacionais combinados, a Microsoft também se beneficia diferenciando sua tecnologia de virtualização Hyper-V do líder em virtualização VMware. Acreditamos que a Microsoft vê uma oportunidade para fazer a virtualização com Windows mais Linux-friendly que o VMware.
Uma observação: o Linux pode rodar Hyper-V sem os drivers de dispositivos mencionados, mas seu desempenho fica reduzido. Essa é a primeira vez que a Microsoft fornece código para o kernel do Linux e é a primeira vez que a Microsoft libera código sob licença GPLv2.