O Google liberou o WebM como Open Source, um formato de media livre de royalties para compressão e enconding de vídeo. Mesmo isso sendo uma boa notícia para vários players indústria que já mostraram suporte ao novo padrão, existem algumas preocupações em torno do licenciamento e da qualidade.
O Google divulgou seu plano para comprar a On2 Technologies por aproximadamente $100M em agosto do último ano, que foi aprovado em fevereiro de 2010 por $133M. O propósito da compra foi para adquirir a tecnologia de compressão e enconding de vídeo da On2's conhecida como VP8. VP3, uma versão antiga, foi liberada como open source em 2002 e é a base para o codec open-source Theora.
O Google anunciou recentemente o WebM, um formato de arquivo de media open-source, royalty free (livre de royalties) constituido dos seguintes componentes: VP8 vídeo codec, Vorbis áudio codec, e o Matroska como container de media. O WebM atualmente é suportado nos nightly builds do Chromium, Mozilla Firefox e no Opera Labs, o suporte será adicionado ao Chrome Dev dia 24 de Maio. O Google anúnciou que suporte do WebM para o Android será incluído no release denominado Gingerbread, agendado para o 4 trimestre deste ano, nesse mesmo período é esperado que o Google també lançe novos aplicativos com suporte ao WebM. O Youtube já inicou a utilizar o VP8 com alguns vídeos em seus experimentos com o HTML 5.
A Microsoft anúnciou que o Internet Explorer 9 e o Silverlight conseguirão rodar vídeos WebM se o PC possuir o codec VP8 instalado, se ele será incluído diretamente no Windows ainda é uma questão aberta. Muitas outras companhias já indicaram suporte ao WebM incluindo provedores de software como o Skype, Adobe e Oracle, e provedores de hardware como a AMD, ARM, Logitech, NVIDIA, Qualcomm, MIPS e Texas Instruments. O Google anunciou que "está trabalhando com alguns manufaturadores de hardware para trazer o WebM a um amplo número de dispositivos" além de estar "trabalhando juntamente com várias empresas de placas de vídeo e silício para adicionar aceleração de hardware do VP8 em seus chips". Até agora, não existe nenhuma notícia sobre a Apple a respeito da adição do WebM no Safari.
Um codec de vídeo grátis e open source pode fazer com que a adoção do HTML5 cresca, além de ter potencial para se tornar de fato o padrão de vídeo da Internet. Entretanto, desde o anúncio do Google, questões surgiram sobre o licenciamento e a performance do codec VP8.
O Google licenciou o VP8 utilizando uma licença BSD modificada. O que significa que tanto o código quanto o codec estão disponíveis para praticamente qualquer uso, com a ressalva de que se você processar o Google, você imediatamente perde sua licença VP8.
Jason Garrett-Glaser, um desenvolvedor independente que trabalha no X264, uma biblioteca open source para trabalhar com vídeos baseados no H.264, deu uma olhada na especificação e no código e disse:
O VP8 possui uma abordagem muito similar ao H.264, uma descrição não precisa do VP8 poderia ser: "H2.64 Baseline Profile com mais entropia". Embora eu não seja um advogado, eu simplesmente não posso acreditar que eles irão conseguir prosseguir com isso. Mesmo o VC-1 se diferenciando mais do H.264 do que o VP8, o VC-1 não conseguiu escapar das garras das patentes de software. Até que nós tenhamos uma forte evidência de que o VP8 é seguro, eu seria extremamente cauteloso. Dado que o Google não irá indenizar os usuários por processos decorrentes da patente do VP8, isso agrava ainda mais a situação.
Parece que existe um grande risco de processos sobre a patente, em particular pela MPEG LA, entidade por trás do H.264, e esse incerteza pode esfriar a adoção inicial do VP8. Uma solução para isso seria o Google oferecer indenizações para qualquer usuário do WebM que sofrer processos sobre a patente, porém não existe nenhuma indicação de que isso será feito.
O outro problema é sobre a qualidade. Garrett-Glased concluiu que o codec está muito longe do H.264:
O VP8, como especifição, pode ser um pouco melhor do que o H.264 Baseline Profile e o VC-1. Mas não é, nem de perto, um competidor a altura do H.264 Main ou High Profile. ...
O VP8, como codificador, está em algum lugar entre o Xvid e o Microsoft VC-1 em termos de qualidade visual. Isso definitivamente pode ser melhorado, mais não através de meios convencionais. ...
O VP8, como decodificador, decodifica mais lentamente do que o ffmpeg H.264. Isso provavemente não pode ser muito melhorado. ...
O VP8 não está pronto para o lançamento; a especificação é uma pilha de copy-paste de código C e a interface do codificador sofre com a falta de funcionalidades e está infestada de bugs. Eles nem sequer estão prontos para finalizar o formato bitstream, e muito menos mudar o mundo para o VP8.
As observações de Garret-Glaser devem ser vistas com cautela. Ele é um desenvolvedor do H.264 acima de tudo. Em contrapartida, o Google tem a noção de que as especificações são finais mais que a implementação precisa de melhorias:
Embora estejamos orgulhosos da nossa atual qualidade e performance, existe trabalho a ser feito. O VP8 bistream é final, mais algumas funcionalidades do formato WebM ainda não estão completas. Nós esperamos trazer mais qualidade e performance no lançamento oficial além disso também estamos fazendo mais uma série de testes. Você pode nos ajudar a chegar lá contribuindo com o nosso roadmap.
A presença de uma licença open source e livre de royalties pode modificar, dramaticamente, a visão que temos sobre vídeo online, porém levará meses senão anos para que a adoção chegue a um patamar onde o VP8 poderá estar, com segurança, nos clientes web. Qual a sua opinião sobre esse debate? O que você acha que isso significa, tanto hoje quanto no futuro, para o desenvolvimento de aplicações web?