Em sentido oposto ao que geralmente ocorre, a responsabilidade pela baixa qualidade do código de sistemas não pode ser atribuída somente aos desenvolvedores, mas sim também à cultura e aos valores comummente incentivados nas organizações. Em última instância, deve ser atribuída aos exemplos passados por aqueles que assumem posições de liderança. É o que o especialista em qualidade de código Avdi Grimm defende em seu post mais recente, onde também aponta alternativas.
Segundo Avdi Grimm,
Não importa quem você contrata, ou para quais aulas e conferências sejam enviados seus desenvolvedores, ou quantas cadeiras de última geração compre para acomodá-los. Se for passado para eles um exemplo de descuido, os desenvolvedores entregarão um produto descuidado.
Avdi prossegue mostrando uma lista de exemplos do que os desenvolvedores podem estar "vendo e ouvindo" na empresa, e como estes podem ter influência negativa sobre a forma com que o código é criado e mantido. Ele indica que, nas organizações em que uma ou mais das seguintes situações forem comuns, também se pode esperar encontrar uma base de código instável, mal organizada e muitas vezes de baixa qualidade:
- "Meu Deus, como os usuários são burros. Soube de um que..." (É impossível desprezar o cliente e os usuários e ainda entregar um produto de qualidade.)
- “Imagine se o cliente visse esse código ... ainda bem que nunca vai ver”
- “O sistema não precisa funcionar bem, basta estar bonito"
- "Todo mundo odeia a ferramenta de gerenciamento de projetos, mas é obrigado a usar mesmo assim." (Moral da história: é normal um produto ser péssimo, contanto que se consiga convencer alguém a utilizá-lo.)
- "Todos os problemas são culpa do cara que estragou tudo antes de sair do projeto". (Adivinha quem será esse cara depois que você sair.)
- "Acabei de ler sobre uma nova tecnologia na minha revista de Gerência de Projetos. Vamos alterar o sistema inteiro para usar a novidade."
Não é suficiente que os melhores desenvolvedores sejam contratados. Se a cultura da sua empresa passa a mensagem de que “não dá a mímina”, mesmo os melhores passarão a também não se importar.
Para Avdi, no entanto, existem alternativas e há exemplos de organizações que realmente prezam pela qualidade, e que verdadeiramente se importam com a satisfação de seus clientes. Ele destaca “que a boa liderança dá o bom exemplo em todos os aspectos do negócio, seja nos bons momentos ou nas crises”.
A experiência dele como consultor no contato com diferentes tipos de empresas e projetos deixa claro que esta constatação não é uma simples coincidência. Avdi conclui nos deixando a seguinte pergunta:
O que a sua linguagem, suas prioridades e seus hábitos dizem sobre o seu compromisso com a qualidade?