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Gerenciamento 3.0 e auto-organização: equilíbrio e confiança são essenciais

O escritor e coach Jurgen Appelo, escritor do popular livro Management 3.0, esteve no Brasil no final de agosto para ministrar palestra sobre o tema da auto-organização, além de realizar treinamentos sobre assuntos tratados no livro. Appelo é um dos principais treinadores de Gestão Ágil no mundo e defende uma abordagem realista para liderança, gerenciamento e crescimento de equipes ágeis.

Elementos da auto-organização

Para apresentar os conceitos subjacentes à auto-organização, inicialmente Appelo tratou do modo como pensamos, destacando que embora nosso cérebro esteja condicionado a pensar linearmente, nos confrontamos com sistemas não-lineares ou caóticos. Nesses sistemas,  pequenas mudanças podem gerar grandes consequências e há um baixo nível de previsibilidade.

Appelo usa como exemplo de auto-organização a evolução do universo e dos organismos vivos, ambos processos que partiram de desorganização e atingiram um grau de ordem altíssimo. Daí, Appelo faz a ponte com os princípios básicos de gestão ágil de times auto-organizados.

A auto-organização é "um processo de atração e repulsão, em que a organização interna de um sistema, geralmente um sistema aberto, aumenta em complexidade sem ser guiado ou gerenciado por uma fonte externa". Trazendo o conceito para a gestão ágil, pode-se argumentar que é possível haver a organização sem gestão (pelo menos no sentido estrito da palavra).

Modelos de Gestão Ágil

Appelo argumenta que existem basicamente dois extremos para os modelos de gerenciamento. Um deles é o baseado na governança, que é rígida e impositiva; o outro é movido pela anarquia, caótica e sem qualquer regra. Appelo sugere uma abordagem de gestão que seja balanceada entre esses dois extremos.

Uma equipe ágil de desenvolvimento de software, segundo Appelo, é um caso especial de sistema complexo, cujo nível de complexidade não permite que seja gerenciado por apenas uma pessoa. Somente quando são envolvidos os integrantes do time, consegue-se gerenciar essa complexidade. Portanto, o gerenciamento requer governança e liderança distribuídas.

Entretanto, o papel do gerente não deixa de existir e nem perde a sua importância. Apenas se torna diferente, pois a abordagem deve ser mais voltada a delegar e direcionar a equipe. O gerente deve trabalhar para fortalecer a equipe, oferecendo maior autonomia nas decisões e ajudando cada um a amadurecer como profissional.

Mas, de um ponto de vista diferente do que prega (por exemplo) o Scrum, em que a equipe deve ser fortalecida, capacitada e avaliada, Appelo propõe que o gerente trabalhe com cada um individualmente, adaptando-se às necessidades e valores de cada um. Recomenda ainda que o gerente não somente capacite as pessoas em questões técnicas e de processo, mas também em conceitos de negócio.

O valor do gerente

O gerente não perderá jamais o seu valor nessa nova abordagem de gestão ágil. Pelo contrário, os liderados o apoiarão a evidenciar ainda mais o seu valor dentro da organização, perante ao time e a organização. Nesse sentido, Appelo faz as seguintes recomendações ao gerente ágil:

  • Confie nas pessoas do time e em si mesmo.
  • Ganhe a confiança das pessoas.
  • Ajude as pessoas a se ajudarem mutuamente.

Dessa forma, ele argumenta, haverá maior confiança entre todos os membros da equipe.

Para conhecer mais sobre o assunto, uma excelente referência é o próprio livro do Jurgen Appelo, "Management 3.0", e a leitura do seu blog.

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