A Adobe anunciou detalhes sobre seus planos para o Flash, AIR, Flex e outros produtos relacionados. Entre as principais decisões citadas estão reorientação do Flash para jogos e vídeos premium.
O Flash vem sendo utilizado principalmente como uma plataforma de multimídia, provendo animação, vídeo e interatividade em uma grande quantidade de dispositivos. Como se sabe, o Flash é utilizado para anúncios, jogos e Aplicações Internet Ricas (RIAs). Mas o crescimento das plataformas móveis e a evolução do HTML5 levaram a Adobe a reposicionar o Flash, focando somente jogos e vídeos premium. A empresa também interrompeu o desenvolvimento do Flash para navegadores móveis.
No plano anunciado, a Adobe começa advertindo que o planejamento abrange os próximos um a dois anos e que poderá mudar com o tempo. A empresa reconhece que o crescimento do HTML5 provavelmente vai tomar uma fatia importante do mercado do Flash:
Cada vez mais, gráficos e animações ricas serão geradas diretamente pelo navegador, usando HTML5, CSS3, JavaScript e outras tecnologias web mais modernas.
Por isso, continua o documento, foi decidido reorientar o Flash para "criar jogos ricos e expressivos com qualidade de consoles, bem como prover vídeo de alta qualidade". Há um impacto direto sobre o desenvolvimento do próprio Flash: "quando priorizarmos futuros desenvolvimentos e correções de bugs, terão prioridade casos de uso relacionados com jogos e vídeo."
Com relação a jogos, a Adobe irá oferecer um programa formal para desenvolvedores da área, além de serviços de jogos e pacotes de suporte para auxiliar no uso de código e bibliotecas escritos em C e C++ nos seus jogos baseados em Flash.
Para vídeos, a Adobe pretende levar suas "tecnologias de streaming de vídeo e proteção de conteúdo para mais plataformas, nos seus formatos nativos", fornecer suporte aos provedores de conteúdo premium e colaborar com fornecedores de hardware para melhorar o desempenho.
Outras APIs do atual núcleo do runtime do Flash serão disponibilizadas no AIR, mas APIs específicas para desktop e plataformas móveis não serão o foco primário da Adobe:
Desenvolvedores necessitando de funcionalidades não fornecidas diretamente pelas APIs do Adobe AIR devem considerar incluir esta funcionalidade utilizando a API nativa de extensibilidade.
Em relação ao plug-in Flash para navegadores web, a Adobe está trabalhando em três versões para este ano: a 11.2 virá com aceleração de hardware para iOS e Android via AIR, além de suporte a maior variedade de placas de vídeo aceleradas. As outras duas versões têm codinome Cyril e Dolores, e terão aperfeiçoamentos específicos para jogos.
Depois disso, a Adobe planeja refatorar o núcleo do runtime do Flash e reescrever a máquina virtual do ActionScript, de modo a melhorar o desempenho na execução de scripts. A empresa planeja suportar o Flash e o AIR no MacOS X e está trabalhando para suportar "aplicações Adobe AIR que possam ser distribuídas na Mac App Store, atendendo as novas exigências de isolamento (sandboxing) de aplicações".
Em relação ao Windows, a empresa afirma que está "trabalhando conjuntamente com a Microsoft para finalizar detalhes sobre configurações suportadas para o Flash Player e o AIR no Windows 8", mas não especifica o que isso significa (considerando-se que a Microsoft já anunciou que o IE10 para Metro não irá suportar plug-ins e que o Windows 8 não irá suportar o Flash sobre processadores ARM).
No Linux, melhorias futuras serão feitas via o Google Chrome, que irá embutir um plug-in Flash baseado no Pepper em todos os SOs de desktop suportados pelo Google. (O suporte ao AIR 3 em Linux foi descontinuado.)
Na área de tecnologias móveis, a Adobe encoraja desenvolvedores a usar o AIR na criação de aplicações nativas para smartphones e tablets.
Já quanto ao Flex, um SDK para a construção de Aplicações Internet Ricas (RIA) rodando sobre o runtime do Flash, a Adobe pretende "continuar a fornecer uma equipe em tempo integral de engenheiros do SDK do Flex, contribuindo para o projeto Apache". (O Flex foi tornado Open Source e doado à Fundação Apache no ano passado.) A Adobe irá contribuir para a Apache os seguintes componentes:
- O núcleo do SDK do Flex
- Bibliotecas de automação
- Binários para o SDK do AIR
- Documentação e especificações
- Componentes Spark: ViewStack, Accordion, Datefield, DataChooser, Datagrid
- Falcon, um novo compilador ActionScript
- Falcon JS, um protótipo de compilador JavaScript
- Mustella, um framework de testes
- BlazeDS, tecnologia de chamadas remotas e serviços web baseada em Java.
Não será contribuído o SDK do AIR para Linux, o LCDS nem o LCCS. E a empresa ainda está analisando se irá contribuir ou não o TLF, BlazeDS.NET, Gravity, FXG, Squiggles e OSMF.
Por fim, a Adobe irá continuar desenvolvendo o Flash Builder e Professional, mas não o Flash Catalyst.