David J Anderson é uma das maiores referências sobre o método Kanban no mundo e uma das cinco pessoas mais influentes no mundo ágil, segundo site especializado no assunto. Anderson escreveu recentemente um artigo para o SD Times com o objetivo de elucidar algumas dúvidas que ainda persistem sobre o Kanban e que comumente confundem muitos entusiastas que utilizam Scrum:
As pessoas frequentemente me perguntam "Porque eu deveria usar Kanban?" ou mesmo "Porque mudar de Scrum para Kanban?". Essas questões me mostraram que era preciso uma comunicação mais elaborada sobre o que é Kanban e explicar porque muitas pessoas começaram a usá-lo.
No artigo, David Anderson faz uma breve introdução a respeito da filosofia Lean e como o Kanban está inserido neste contexto:
O Kanban é um método Lean que se inicia nos processos atuais de uma empresa e que o incrementa [ou otimiza] para proporcionar uma melhor previsibilidade e gestão de riscos. O Kanban pode ajudar a trazer de volta à vida um projeto ágil (ou cascata) que tenha estagnado, criando uma solução personalizada com base nas necessidades específicas da empresa. O kanban também auxilia na criação de uma cultura de melhoria contínua, de modo que podemos melhorar o planejamento e as entregas do trabalho realizado, deixando os colaboradores mais felizes com seus empregos.
Além disso, David Anderson exemplifica a real utilização de Kanban, em um ambiente de produção, com abordagens simples:
O Kanban nos diz que devemos visualizar primeiro o trabalho que aparentemente está obscuro e como se estrutura o processo atual para que, então, seja possível enxergar o fluxo completo em vigor. Este modelo visual permite identificar gargalos e reduzir o impacto da variabilidade.
O autor exemplifica também um cenário de desenvolvimento típico em que um lote de itens de trabalho, tais como funcionalidades, está prevista para conclusão no final de uma iteração de 2 semanas. Antes da equipe se comprometer com a iteração são considerados: o que a equipe conhece dos requisitos, quais as dependências e qual é a disponibilidade dos membros da equipe para esta iteração [férias previstas, feriados, etc].
Anderson retrata, então, o seguinte cenário possível:
O trabalho começa e a realidade aparece: Existe um fornecedor indispensável que não está disponível; Um gerente responsável pela aprovação de etapas que também está desaparecido; O próprio processo de desenvolvimento está longe de ser eficiente, com interrupções e retomadas frequentes; A área de negócio gera várias interrupções, exigindo reuniões e trabalho não programado; Os desentendimentos são corriqueiros, atrasos de horário recorrentes e compromissos são perdidos.
E o que pode mudar essa situação?
Segundo David Anderson, idealmente é importante começar com uma sensação realista da demanda, uma compreensão do que as partes interessadas necessitam. É muito provável também que a capacidade de entrega da equipe esteja abaixo da demanda esperada, e esta é uma fonte constante de insatisfação:
Como profissionais gostaríamos de encontrar meios de adequar as demandas para melhor atender a nossa capacidade de entrega e, ao mesmo tempo, considerar como podemos melhorar e aumentar nossa capacidade de entrega.
O autor também comenta sobre como criar uma cultura de políticas claras, melhorar a comunicação e os mecanismos de feedback na empresa e finalizada afirmando que o Kanban está disseminado no mundo todo por meio das comunidades e da lista de discussão com mais de 2000 membros. No Brasil a lista de discussão possui ainda poucos integrantes, mas vem crescendo.
O Kanban é uma abordagem utilizada mundialmente e nos últimos anos ganhou destaque com sua utilização na área de desenvolvimento de software. Sua metodologia de acompanhamento de processo e de envolvimento da equipe como um todo vem proporcionando a visibilidade necessária para tratar os pontos de gargalo ou que simplesmente não funcionam. O artigo escrito por David J Anderson para o SD Times, elucida de forma breve como entrar no mundo Kanban e compreender de uma forma simples e bastante didática sua utilização.