Jim Highsmith, um dos autores do Manifesto Ágil, alerta sobre os riscos que correm as organizações de desenvolvimento. Haveria uma tendência muitas vezes inconsciente de permitir que práticas ágeis se tornem "pseudoprincípios", gerando enrijecimento de sua capacidade de adaptação:
O que acontece em muitas organizações é que as práticas tornam-se estáticas e são gradualmente elevadas ao nível de princípio. As pessoas perdem a noção do porquê estão utilizando uma prática, que se torna um padrão de fato ao invés de uma orientação.
Para Highsmith, até mesmo uma boa prática como as reuniões diárias pode se tornar burocrática, quando é vista como obrigatória, por ser um princípio inquestionável.
Lentamente, as boas práticas tornam-se maus princípios, ou pseudoprincípios, e se tornam mais frequentes comentários como "não se pode fazer isso porque é contra os princípios da nossa empresa".
Highsmith concorda que os princípios e valores sejam críticos no alinhamento e engajamento das pessoas dentro das organizações. Também reconhece que o sucesso do movimento ágil se deva fundamentalmente ao estabelecimento desses valores e princípios. Contudo, o problema estaria na quantidade e no nível de detalhe, pois quanto mais pseudoprincípios se acumulam dentro de uma empresa, mais sua capacidade de adaptação é prejudicada. O autor conclui:
Um excesso de princípios cria uma barreira à mudança e à adaptação, pois na maioria das vezes não será fácil abandoná-los. Muitas vezes, alguns grupos dentro da organização se tornam sentimentalmente ligados à existência desses princípios.
Conforme já exposto aqui, na visão de Highsmith, a adaptabilidade parece ser uma qualidade crucial para as organizações de desenvolvimento. Mas até que ponto as organizações ágeis devem permitir a existência de práticas como padrões estabelecidos, mesmo que informais? Quais as vantagens e desvantagens desse modelo em comparação ao estabelecimento de guias menos rígidos, que permitam a flexibilidade das práticas?