[Esta notícia foi enriquecida pela equipe da InfoQ Brasil]
A Puppet Labs e a EMC anunciaram em junho a disponibilidade do Razor, uma ferramenta open source para provisionamento que permite o inventário, configuração e instalação de máquinas físicas e máquinas virtuais. O Razor é baseado em um esquema de rótulos definido pelo usuário; é fornecido atualmente como um módulo do Puppet e licenciado sob a licença Apache 2.0.
A ferramenta foi chamada de "próxima geração de provisionamento" devido à sua capacidade de detectar e inicializar dinamicamente um novo hardware ou máquina virtual (VM) para uso imediato, baseado nas suas características. Pode ser usada qualquer combinação de versão de processador, fornecedor do hardware, capacidade de memória, armazenamento, ou outras informações disponibilizadas pelo Facter, a ferramenta da Puppet Labs para descoberta.
Um kernel mínimo do Linux é instalado em memória quando um novo servidor é ligado pela primeira vez, utilizando-se para tal os recursos de boot remoto PXE, presentes em qualquer BIOS não muito antiga. Este kernel, por sua vez, usa o Facter para gerar um inventário da configuração do servidor. Com base no inventário, uma correspondência é feita a partir de um conjunto de regras configuradas pelo usuário. Assim o servidor é rotulado para a instalação do SO ou hipervisor desejado. Veja a arquitetura geral na imagem abaixo (criada por Nick Weaver).
Deste ponto em diante, o Razor delega o controle do novo servidor ou máquina virtual para a ferramenta de gerenciamento da infraestrutura, de modo que possa decidir que serviços e aplicações instalar no novo sistema operacional, de acordo com suas próprias regras. Essa delegação é feita por um intermediário (broker), que recebe todos os metadados e rótulos coletados pelo Razor. O Puppet já traz um broker pronto para uso, mas outras ferramentas podem ser integradas ao Razor pela implementação de seus próprios plug-ins de broker.
Além da integração transparente com ferramentas de mais alto nível de gerenciamento de infraestrutura, outra característica essencial do Razor é a facilidade de extensão, conforme declarado por Nick Weaver, especialista em virtualização da EMC e principal autor do Razor:
O Razor permite que seja adicionado suporte a um sistema operacional inteiramente novo com um único arquivo. Permite também a criação de múltiplas versões de um modelo de sistema operacional com a alteração de poucas linhas. E a primeira versão já suporta integralmente o VMware ESXi 5, CentOS 6, OpenSUSE 12, Ubuntu Oneric & Percise, além do Debian Wheezy.
Especula-se qual seria o interesse da EMC no Razor, sob a perspectiva de negócios. Brian Gracely, um funcionário da EMC, comentou sobre isso:
Não foi anunciado durante a EMC World 2012 nenhum plano oficial para o Razor, mas houve discussão sobre mover as plataformas de armazenamento para arquiteturas Intel, e também sugestões sobre a consolidação de processamento e armazenamento em gabinetes híbridos. Portanto é possível que o Razor venha a ser adotado pela EMC; ou talvez seja necessário que a comunidade lidere a criação de novos modelos de adoção.
O Razor surgiu para atender necessidades internas da própria EMC, em vez de ter sido concebido como uma oferta de produto para o mercado. Como tal, poderá ser útil para várias outras empresas que precisar integrar ferramentas similares de outros fornecedores, mas que são limitadas a provisionar os SOs desses mesmos fornecedores.
O Razor, ainda considerado beta, pode ser baixado da Puppet Forge, integrado tanto ao produto Puppet Enterprise quanto ao Puppet Open Source que vem incluso em várias distribuições do Linux.