Vários benefícios podem ser obtidos quando as práticas ágeis são usadas em toda empresa. Em vários artigos recentes, a possibilidade de usar Agile fora do setor de desenvolvimento começa a ser explorada. Jake Sorofman da Gartner escreveu O Agile seria a última tendência para a vantagem competitiva?, descrevendo sua visão quanto ao uso do Agile nas empresas:
Todos sabem que essa filosofia transformou as práticas de desenvolvimento de software. Mas agora estamos vendo as práticas ágeis invadindo outros aspectos dos negócios.
O InfoQ já relatou como as práticas ágeis são usadas em empresas de marketing (Agilistas de marketing criam um manifesto de marketing ágil na SprintZero) e vendas (Agilistas de vendas, petróleo e água?). Está cada vez mais claro que o Agile pode trazer benefícios nas empresas, para atividades além do desenvolvimento, como Sorofman explica:
As práticas do Agile são simplesmente respostas à natureza em constante mudança de todas as coisas. Ajuda a lidar com a realidade de que tudo se move rapidamente; que a verdade muitas vezes é obscura; e que, nos negócios, enquanto podemos nos dar ao luxo de fazer as coisas pequenas de forma errada, precisamos obter as grandes coisas da maneira certa. Na verdade, no Agile, manter as pequenas coisas erradas muitas vezes é o que torna possível fazer grandes coisas da maneira correta.
Sorofman mostra como o Lean Startup e o Agile se juntam, focando-se em entregas contínuas de valor para os clientes:
No mundo das incubadoras de novos negócios, falamos sobre o "produto mínimo viável", que define o menor incremento de valor que se pode oferecer - que funciona como um experimento para lucrar de verdade. E isso leva ao meu argumento final: a aplicação em larga da escala da agilidade está levando à "vida mínima viável", com o conceito sendo aplicado a software, marketing, modelos de negócios - e até posts em blogs.
No artigo Empresa ágil: como estender o processo ágil para além do desenvolvimento, o CTO Johan den Haan, da empresa Mendix, trata da adoção de práticas ágeis em toda a empresa:
A agilidade só é possível quando toda a organização adota essa mentalidade. Em uma empresa ágil, o lado de marketing e vendas é equilibrado com o de desenvolvimento de produtos. Em uma empresa ágil, todo o negócio é organizado de forma que possa responder rapidamente às mudanças no mercado. Todos os departamentos estão completamente integrados com o fluxo de valor global; existe agilidade de ponta a ponta.
Haan descreve o valor que as práticas ágeis podem trazer para o setor de marketing:
Lançamentos frequentes em ritmo constante permitem que o marketing estabeleça sua própria cadência na criação de mensagens e a agregar valor para os usuários o mais rápido possível.
O desenvolvimento ágil de software, como se sabe, torna possível entregas frequentes. Para obter feedback sobre essas entregas, Haan propõe que os serviços também deveriam adotar práticas ágeis:
Os serviços devem ser envolvidos também no início do processo. Procure ouvir o feedback sobre o produto, envolvendo os interessados no início de cada reunião de iteração/sprint, e com isso dando a oportunidade de começar a agir em novos lançamentos, antes mesmo que sejam efetivamente lançados.
E conclui:
[Ao adotar Agile] use uma abordagem ágil! Não comece de cima para baixo, criando políticas etc. Comece com uma equipe. Depois que tiver várias equipes praticando o Agile, provavelmente será necessário definir algum processo para coordená-las, como o Scrum de Scrums. Se o processo de desenvolvimento dentro da equipe for ágil, comece a expandir a definição de pronto. Envolva outros departamentos, um a um, e verifique se a alta gerência está apoiando a mudança para um fluxo de valor global ágil.
No post Introdução de técnicas ágeis para equipes fora do desenvolvimento de software, a autora e coach ágil Rachel Davies compartilha sua experiência nesse contexto:
Nossa empresa foi fundada usando o XP como princípio básico de nossa abordagem de desenvolvimento de software. Crescemos juntamente com o sucesso dos produtos e agora temos vários departamentos com o dia-a-dia de trabalho que não envolve a equipe de desenvolvimento (tais como os de infraestrutura, finanças, e "Pessoas e Lugares", que combinam RH e gestão de benefícios) - todos interessados na gestão do seu trabalho ao longo de linhas semelhantes.
Davies descreve como introduzir agilidade em equipes que não são de desenvolvimento de software:
Ao invés de sobrecarregar essas equipes com a teoria de Agile e seu princípios, é preciso evoluir passo a passo. Começa-se com um esboço de como fazer o trabalho semanal se tornar visível na parde, utilizando post-its. [...]. À frente do quadro, executa-se um ciclo simples de reuniões: levantar e priorizar o trabalho para a próxima semana, com reuniões diárias e retrospectivas mensais.
Davies fez uma discussão aberta no Agile 2012, a partir da qual foi gerada uma lista de sugestões de como iniciar uma conversa sobre o uso do Agile:
- Apresentar a "facilitação" como forma de tornar as reuniões mais divertidas;
- Formar executivos evangelistas;
- Organizar uma turnê de equipes de desenvolvimento de software que utilizam o Agile;
- Encontrar uma pessoa aberta e curiosa;
- Organizar uma equipe de confiança e envolver todos como apoiadores;
- Disponibilizar um líder com visão ágil para equipes que estão fora do desenvolvimento;
- Criar um Elevator Pitch (um resumo rápido, de menos de um minuto, sobre um serviço produto, empresa, evento etc.);
- Criar interesse com materiais de fácil visualização.