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Ritmo sustentável: Como obtê-lo e melhorá-lo?

Como um dos princípios do Manifesto Ágil, o ritmo sustentável é considerado por muitos como fundamental para uma adoção ágil. Atingir, porém, um ritmo sustentável pode ser difícil, especialmente pela forma como as equipes são gerenciadas somado à cultura das organizações. Quando se pede às equipes que melhorem suas velocidades, como isso pode ser feito para atingir um ritmo sustentável em um novo patamar?

Christoph Baudson construiu um site falando sobre o que é ritmo sustentável. Baudson descreve as origens e os conceitos por trás do ritmo sustentável, referindo-se ao princípio do Manifesto Ágil, que ao seu ver é "a definição mais comumente aceita":

Processos ágeis promovem um ambiente sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários, devem ser capazes de manter indefinidamente, passos constantes.

Baudson explica as razões pelas quais é importante trabalhar em um ritmo sustentável:

O que ocorre quando o desenvolvimento de software é feito durante horas extras? Diversos estudos demonstram um aumento na produtividade na primeira semana de horas extras, o qual decai rapidamente até finalmente cair a um nível de produtividade abaixo do normal das 40 horas de trabalho. Durante as horas extras, as pessoas tendem a não notar a queda em suas habilidades cognitivas, resultando em erros e finalmente em degradação da qualidade.

Ritmo sustentável não tem relação com "pegar leve" ou ir devagar. É justamente o oposto, espera-se que se gaste energia vigorosamente para então recuperá-la durante o descanso. No longo prazo, invista sua energia com sabedoria e leve em conta os resultados de pesquisas sobre felicidade ao estabelecer suas prioridades.

Em ocasiões anteriores, a InfoQ norte-americana falou sobre ritmo sustentável em does sustainable pace mean a 40 hour week? (Ritmo sustentável significa 40 horas de trabalho semanal?) e sustainable pace - what's it mean and how to achieve it? (Ritmo sustentável - o que quer dizer e como conseguir?).

No post sustainable pace - the fastest way to deliver software (Ritmo sustentável - a maneira mais rápida de entregar software), Neil Killick utiliza um exemplo para mostrar como é importante trabalhar em um ritmo sustentável. Killick descreve o impacto do aumento do número de histórias de usuário que uma equipe tem para concluir em um sprint:

Quanto mais histórias pedimos que a equipe entregue, menos tempo ela terá para gastar em qualidade, mais provável que atalhos sejam adotados e mais dívidas técnicas sejam assumidas, mais provável que a cultura e a efetividade sofram e que menos diversão exista, mais cansada mentalmente a equipe estará e menos previsível será sua entrega de software.

Medir a velocidade das equipes com o intuito de aumentá-la pode prejudicar o ritmo sustentável no qual a equipe trabalha, como explica Steve Ropa no post Reject the Tyranny of Metrics (Rejeite a tirania das métricas):

Tenho visto muitas equipes falarem sobre como aumentar a velocidade. O resultado final é sempre o mesmo. Estabelece-se uma velocidade como objetivo, ou pior ainda, uma taxa de aceleração desejada. A conclusão lógica disso é igualmente previsível. As equipes começam a ficar paralisadas pela necessidade de que suas estimativas sejam corretas, já que não haverá espaço para manobras caso haja algum erro. Logo depois, as equipes passam a estimar muito mais alto para conseguir uma margem para qualquer problema. Nenhum dos comportamentos permite o estabelecimento de um ritmo sustentável, nem está condizente com o valor disposto no Manifesto Ágil de "indivíduos e interações entre eles mais que processos e ferramentas".

Derek Huether escreveu a lesson in process improvement (uma lição sobre melhoria no processo) no qual fala sobre a necessidade de se saber como o trabalho é executado antes de tentar se tornar mais rápido:

Um erro crucial que vejo frequentemente é o das organizações tentarem fazer as coisas mais rapidamente antes de entender de verdade seus próprios processos. Caso não se pare para perguntar se o processo como um todo foi otimizado antes de tentar ir mais rápido, qualquer sucesso será efêmero. Garanto que rapidez sem otimização não é sustentável.

Avienaash Shiralige escreveu em sustainable pace: Does culture play any role at all? (ritmo sustentável: Será que a cultura tem alguma influência?)

Ritmo sustentável não é uma maratona, é uma série de corridas de tiro curto em que se pausa, reenergiza-se, reflete-se e começa-se de novo. Assim, é definitivamente necessário haver algum tempo livre no sprint para isso.

Shiralige cita a pesquisa do Geert Hofstede sobre cultura. Um dos parâmetros que o Geert mediu é o índice de distância do poder: "o grau no qual os membros menos poderosos da sociedade aceitam e esperam que o poder seja distribuído desigualmente". Em países nos quais esse índice é alto, pode ser difícil implementar um ritmo sustentável:

Construir uma organização que questiona, desafia ideias, compartilha abertamente pensamentos que eventualmente ajudem a criar equipes auto-organizadas, com absolutamente nenhum pensamento hierárquico é extremamente difícil, ainda mais se for contra a própria cultura ou forma de pensar.

Apesar da cultura ser algo difícil de se mudar, como Shiralige menciona, não podemos ignorá-la:

A não ser que tratemos as questões culturais, a organização não será capaz de obter a agilidade.

Qual sua experiência na adoção de ritmo sustentável com sua equipe? Como foi a busca por melhorar a velocidade de entrega e estabelecer um ritmo sustentável em outro patamar?

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