Fazer retrospectivas com frequência contribui para que as equipes aprendam a se aperfeiçoar. Você pode tornar as retrospectivas mais efetivas adicionando propósito e validando se as ações definidas nelas estão realmente gerando melhorias com o uso de hipóteses.
Falta de acompanhamento é uma das principais razões das retrospectivas falharem em trazer melhorias, como descrito por Thomas Cagley em "Obstáculos das retrospectivas":
O maior erro que qualquer equipe pode cometer é fazer uma retrospectiva e não fazer algo com os resultados. Enquanto a discussão por si só pode ser revigorante ou libertadora, no final a equipe somente perdeu tempo.
Para garantir que as ações sejam tomadas, Thomas sugere tornar as melhorias necessárias explícitas e visíveis:
Cada retrospectiva deveria identificar ao menos uma meta ou ideia para melhoria. Essa meta deveria ser incluída ao sprint backlog e tratada da mesma forma como qualquer outra tarefa que a equipe se comprometeu a entregar.
No artigo "Retrospectivas que funcionam", Dave Sharrock explica como podem ser feitas retrospectivas mais efetivas adicionando propósito à reunião:
(...) a forma mais simples de injetar outro nível de energia na retrospectiva é criando uma intenção, colocando uma questão clara logo de início para ser revista.
Para gerar valor, a intenção deve ser clara para todos, relevante e definitivamente não servir somente a si própria. Ela deve ter como foco descobrir questões específicas tangenciais ao sucesso do Sprint (por exemplo, o que deve ser mudado para que a equipe entregue duas vezes mais histórias no mesmo tempo?), ou orientada a questões organizacionais não tratadas pela equipe (por exemplo, como podemos reduzir ou eliminar a espera pela assinatura de normas regulamentadoras para novas funcionalidades?).
Bob Marshall explica em "Retrospectivas - o errado e o certo", porque ele considera o ciclo PDCA (planejar-executar-verificar-agir) , que inicia com uma hipótese, como um dos fundamentos das retrospectivas:
Como tornar uma retrospectiva qualquer em algo extraordinário? Volte às suas raízes. Especificamente, ao PDCA (o ciclo de Shewhart). Muitas pessoas vêem a palavra "Planejar" em um contexto simples de, por exemplo, Sprint Planning ou Release Planning (Scrum). Mas no próprio PDCA, derivada do original "Método Científico" de Francis Bacon, "Planejar" significa hipotetizar:
- hipótese - planejar
- experimentar - fazer
- avaliar - verificar
- controlar - agir
Nesse contexto, qualquer retrospectiva perde o seu sentido a menos que ela responda a questão: "aquilo que nós esperávamos ter acontecido, nossa hipótese, realmente aconteceu?". Se aconteceu, por que aconteceu? Se não aconteceu, por que não aconteceu? Sem definir uma hipótese inicial, nunca poderemos nos fazer essa pergunta.
Marc Löffler explicou no artigo "Inclua finalidade nas retrospectivas", que a ausência de propósito é a causa principal a ser tratada para fazer retrospectivas melhores:
Qualquer retrospectiva sem um propósito é uma completa perda de tempo, o mesmo se aplica para qualquer outra reunião. Não faz sentido mudar suas retrospectivas frequentemente e introduzir novas ideias se não há um propósito por trás.
Ele adaptou o fluxo de retrospectivas do livro Agile Retrospectives de Diana Larsen e Esther Derby para utilizar hipóteses de forma similar às utilizadas em Lean Startup. Marc estendeu o passo "decidir o que fazer" com "adicionar hipótese" e adicionou um novo passo "verificar hipótese", após coletar dados:
(...) ao invés de usar a percepção diretamente, você verifica a hipótese da última retrospectiva. Isso é realmente poderoso, porque te oferece a possibilidade de verificar se as tarefas das suas últimas retrospectivas tiveram o efeito esperado (sua hipótese). Na maioria dos casos, você perceberá que as suas hipóteses estavam erradas. Ao invés de simplesmente verificar se você trabalhou em todas as tarefas que foram identificadas na última vez, adicionalmente você verificou se elas foram úteis e tiveram um efeito positivo. Se as suas hipóteses estavam erradas, isso te dá a oportunidade de verificar porque elas não tiverem o resultado esperado.
Adicionar hipóteses e verificar na próxima retrospectiva gera um propósito às retrospectivas, de acordo com Marc, e ajuda a verificar se as ações definidas nas retrospectivas estão sendo efetivas:
Você tem que adicionar hipótese à qualquer tarefa que você identifica, caso contrário, não será possível verificar se a tarefa ajudou. Tenha certeza que a hipótese é testável, como descrito no método científico. Se a sua hipótese não é testável, então não faz sentido.
Bob Boyd fornece um processo de 8 passos para fazer retrospectivas com validação científica. Seguindo os conceitos de Lean Startup, esses passos ajudam a validar se as ações das retrospectivas têm gerado as melhorias esperadas:
- Deixar claro qual o problema exato que a melhoria vai resolver.
- Deixar claro quais serão os resultados após fazer a melhoria.
- Desenvolver a hipótese (refutável) para a melhoria.
- Identificar as métricas e os valores que serão coletados.
- Identificar como os dados das métricas serão coletados.
- Identificar como apresentar os dados coletados.
- Identificar como a equipe compreenderá que a hipótese é verdadeira após uma dúvida coerente.
- Identificar como a equipe compreenderá que a hipótese é falsa após uma dúvida coerente.