Agilidade sempre foi considerado um sinônimo de inovação. Entretanto, o cofundador da Scrum Alliance, Mike Cohn criticou recentemente o Scrum moderno por focar demais em atender as metas de prazo à custa de explorar soluções inovadoras:
Em meados dos anos 90 (quando eu implementei e vi ser implementado) o Scrum tinha como objetivo encontrar soluções inovadoras. Um problema era dado às equipes e eles tinham um mês (ou quatro semanas) para resolvê-lo. Com todo esse tempo, as equipes conseguiam experimentar uma ou mais abordagens inovadoras antes de adotar uma solução segura, com uma abordagem testada e correta.
Na versão atual do Scrum, muitas equipes se tornaram obcecadas em ser aptas a dizer que concluíram tudo que haviam se proposto a fazer. Isso faz com que as equipes iniciem com uma abordagem segura. Com isso, muitas equipes nunca tentam uma ideia inusitada que possa levar a uma solução realmente inovadora.
Acredito que grande parte disso deve-se aos sprints mais curtos, com duração de duas semanas como regra atualmente. Sprints mais curtos resultam em menos tempo para se recuperar caso uma abordagem promissora, porém arriscada, falhe.
Mike Cohn não é o único a chegar a esta conclusão. Bianca Hollis e Neil Maiden, pesquisadores na área de engenharia de software da City University de Londres, concordam que sprints de duração curta possam desencorajar a incubação e a reflexão necessária para o pensamento criativo. Eles escreveram um artigo na IEEE Software:
Uma óbvia deficiência dos processos ágeis é que não exploram a criação de software focada no pensamento criativo de novos requisitos. (...) Geralmente, o princípio da simplicidade - eliminar o desperdício e reduzir a complexidade - é levado ao extremo. Por exemplo, Kent Beck sugere aos desenvolvedores ágeis pensar na solução mais simples. Embora esta abordagem seja muitas vezes eficaz, a não ser que este esforço seja previamente combinado em pensar além da solução mais simples, os clientes determinarão a solução mais simples ignorando o que era possível de ser feito.
Por isso a eficiência do projeto e a criatividade da equipe estão em direções opostas ao longo do eixo do tempo. É tudo uma questão de equilíbrio. Projetos ágeis não podem ser bem sucedidos em ambos simultaneamente.
Por outro lado, um estudo empírico relatado por Pedro Serrador durante a PMI Global Conference 2014 (publicada no jornal internacional de gerenciamento de projetos) revela que os projetos ágeis têm mais sucesso nas medidas de eficiência (isto é, em relação a custo, tempo e escopo), mas o maior destaque é na melhoria da satisfação dos stakeholders. Além disso, ele concluiu que muitos projetos ágeis gastam tanto tempo em planejamento inicial quanto em projetos cascata (também chamado de Sprint 0). É o momento em que muitos projetos ágeis abordam de maneira mais ampla os objetivos do projeto e requisitos de longo prazo.
Uma vez que a satisfação do cliente é o primeiro princípio da agilidade, isso faz parecer que o cliente tem a palavra final para dizer se os projetos ágeis deveriam ser mais inovadores ou mais orientados a prazo.
O que você acha? Como você equilibra a eficiência do projeto e a criatividade do time? Seu cliente está satisfeito?