Dan Tousignant, mentor e responsável por treinamentos relacionados ao Agile na Cape Project Management, propôs uma matriz para ajudar organizações na forma como abordam o Agile. Tousignant afirma que organizações precisam compreender e abraçar as mudanças envolvidas na adoção de uma abordagem ágil.
Tousignant menciona que no nível mais alto, organizações devem listar suas metas "Ágeis" e definir expectativas respondendo as seguintes questões:
- A organização deseja realizar entregas mais frequentes de forma a aumentar o sucesso de seus projetos?
- A organização precisa ser mais "lean" e eficiente no uso dos recursos existentes?
- A organização precisar melhorar a satisfação de seus clientes e a qualidade do software que entrega?
- A organização é nova, ou é uma organização que busca se reinventar e desenvolver uma cultura em que impera a autonomia?
Tousignant propôs a seguinte matriz para escolha da metodologia ágil de acordo com as metas da organização:
Se não há disposição para abraçar uma mudança de cultura, não use Scrum ou XP. Considere o Kanban, SAFe, DAD ou uma abordagem hibrida desenvolvida internamente pela organização.
Se não tiver boas práticas em termos de engenharia e ferramentas de suporte, como testes de regressão automatizados e integração contínua, então não está pronto para o Agile. Volte um passo e estabeleça esses processos antes de embarcar em uma nova abordagem de gerenciamento de projetos construída sobre uma base com falhas.
O InfoQ.com entrevistou Tousignant a respeito do uso da matriz.
InfoQ.com: A respeito da ideia de que muitas organizações tratam o Agile como uma mudança no processo de desenvolvimento, por que essas organizações enxergam a adoção do Agile assim e qual o impacto desse tipo de pensamento?
Tousignant: Muitas organizações no fim dos anos 90 e início dos anos 2000 implantaram metodologias de gerenciamento de projetos e escritórios de gerenciamento de projetos (PMOs). Participei ativamente desse tipo de implantação e descobri que são superestimadas. Elas introduzem a necessidade de novos relatórios, opções de carreira e expectativas de desempenho. Essas são mudanças relacionadas ao processo e, ainda sim, são difíceis de implementar efetivamente devido a resistência a mudança. A maioria das organizações que adotam Agile na medida que este se consolida no mercado, o trata como apenas mais uma metodologia. Resistem a mudanças em seu modelo de gerenciamento de projetos relativamente novo e tratam o Agile como um novo processo, não como uma mudança holística na forma como a organização deve trabalhar.
InfoQ.com: Como surgiu a idéia de criar uma matriz para escolha apropriada de uma metodologia Ágil?
Tousignant: Parece que todo mundo quer uma abordagem no estilo checklist para o Agile. Esse é o motivo pelo qual frameworks que são mais difíceis de escalar estão ganhando tração. Acredito no K.I.S.S. (Keep it Simple...). Se a maioria das organizações tivesse a consciência das diferentes opções que existem para se tornarem Ágeis e compreendessem os pros e contras de cada uma delas, talvez implantasse o Agile de maneira muito diferentes. A matriz visa transmitir com simplicidade quais as diferentes opções.
InfoQ.com: Pode compartilhar com a gente suas experiências utilizando a matriz?
Tousignant: Infelizmente, usualmente sou contratado para oferecer mentoria e treinamento quando a decisão a respeito de utilizar Scrum ou Kanban já foi feita. Atualmente utilizo a matriz em treinamentos, processos de vendas e compromissos de consultoria de forma a provocar uma reflexão a respeito do estado atual da implantação do Agile na organização e de compreender no que a implantação está falhando. Penso que a matriz é a peça que falta para muitas organizações que estão tentando implantar o Agile. Elas precisam compreender que existe uma abordagem mais apropriada para o primeiro passo em se tornar ágil.