Na primeira DevOps Enterprise Summit Europe, realizada em Londres, Jonathan Smart, líder dos serviços de desenvolvimento do Barclays, descreveu a adoção global de DevOps nesse grande banco multinacional. Smart mostrou como o processo exigiu a adaptação a culturas, tanto geográficas como de negócio. Outra condição para o sucesso apresentada foi que princípios devem ser compartilhados, mas práticas também precisam emergir ao aplicar os princípios no contexto local.
O Barclays é um banco inglês presente em mais de 40 países, com 130 mil funcionários. De acordo com Smart, a abordagem adotada para disseminar Agile e DevOps em toda a empresa tem funcionado por não ser obrigatória, sendo baseada no suporte que acontece ao mesmo tempo de baixo para cima e de cima para baixo. Também é evitada a rigidez da ideia de "tamanho único".
Na experiência de Jonathan Smart, impor práticas e frameworks rígidos leva ao distanciamento e à resistência das equipes, em vez de estimular a adoção de boas práticas. No Barclays, os princípios são compartilhados e o ciclo de mudanças, assim como os papéis e controles ágeis, são consistentes em todas as equipes.
Smart acrescenta que, em vez de tentar escalar a adoção de Agile aplicando sem critério práticas que funcionaram numa equipe/cultura em outros contextos, é preciso reduzir a escala da empresa. Ou seja, quebrar grandes grupos de pessoas (e silos) em equipes focadas em produtos ou conjuntos de funcionalidades. Dessa maneira, um igual número de pessoas consegue realizar o mesmo trabalho mais rapidamente, com menos passagens entre equipes.
Um exemplo de melhoria do fluxo de trabalho é a criação de "tribos de controle", que são designadas para épicos de desenvolvimento desde o início. Isso permite introduzir segurança e conformidade, minimizando o tempo gasto e reduzindo a necessidade de controles formais.
Algumas outras iniciativas concretas tomadas pelo do Barclays para promover agilidade incluem:
- Promoção de um fórum DevOps de liderança federado;
- Evangelistas/defensores de DevOps na empresa, com autonomia para promover e sustentar mudanças que atendam aos princípios e respeitem a cultura local;
- Comunidades de prática para compartilhar experiências dentro de um determinado domínio;
- Treinamentos prontamente disponíveis, dentro ou fora da empresa;
- Coaching, especialmente para gerentes, que são pressionados para apresentar resultados de negócios.
Todas essas iniciativas contribuem para estabelecer um ambiente de experimentação contínua, pois, como indica Smart, "mudanças de cultura duradouras levam anos".
Quanto à motivação para uma empresa estabelecida como o Barclays embarcar nesse processo de evolução, Smart destaca várias novas demandas num futuro próximo, incluindo regulamentos e maior transparência. Há novas normas bancárias abertas chegando, a exemplo das APIs abertas para bancos no Reino Unido. Ao mesmo tempo, o crescimento da tecnologia financeira (FinTech) continua cortando margens de lucro e tornando a agilidade fundamental.